AS TURBINADAS
A maioria das mulheres se acham feias, acima do peso ideal,
encalhadas... E por aí vai. Até que um dia são descobertas por
alguém que lhes diz: você é linda! E, de repente, ela se olha no
espelho, como se fosse pela primeira vez, e se diz: Não é que ele
tem razão...!
Tudo na vida é uma questão de convenção. Convenciona-se
tudo: a moda, os costumes, até as condutas. Mas, voltando ao
início, quando eu falava de beleza... essa foi a mais convencionada.
E o padrão de beleza da mulher, hoje em dia, na visão de um bom
esteta, deixa muito a desejar... A mulher magra, esquálida, sem
peito e sem bumbum é o tipo ideal para as passarelas da moda,
enquanto as demais tentam ser magras, com protuberâncias
apenas em dois pontos estratégicos; e, como é difícil conciliar o
paradigma estético ideal, apela-se para a lipo, o silicone, etc. Daí é
que surgem as “turbinadas”, as adeptas da musculação que, não
contentes com os resultados dos exercícios, utilizam-se de
anabolizantes e, com isso, chegam a descaracterizar
completamente sua anatomia feminina; aumentam tanto a
musculatura que parecem seres andróginos. E olhem que o
termo “turbinado” era designado a motores de automóveis,
aeronaves...
Muitas mulheres, com ajuda de alguns artifícios, tais como
metacrilato, botox, fios de ouro, e lentes coloridas, perdem
completamente a originalidade de suas feições faciais, a ponto de
não se poder mais definir seus traços familiares. Algumas chegam
mesmo a parecer com seres alienígenas, desses saídos das
páginas de algum livro ou filme de ficção científica. Antigamente,
reconhecia-se uma pessoa por certas características hereditárias;
falava-se assim: os olhos são do pai, o nariz é da mãe, e a boca, da
avó... Hoje em dia já se fala dessa maneira: O nariz é metacrilato, a
boca é botox, e os olhos são bausch & lomb (lentes de contato).
Quão bom seria se essas mulheres se lembrassem de priorizar, em
primeiro lugar, o cérebro em vez de preocuparem-se tanto com o
visual externo! Mas, tudo isso é decorrente dessa inversão de
valores, em nossa sociedade individualista e consumista, que nos
induz a fazer escolhas que nem sempre é o que realmente
queremos ou o de que precisamos. O ideal seria que cada pessoa
seguisse seu próprio estilo, sem rótulos, e vivesse sua vida
desapegada daquilo que é convencionado pelas massas, como a
moda, a música, o vestuário, dentre outros.
Por Zinah Alexandrino-texto publicado na sexta Antologia da AJEB-CE-Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil-DEZ/2010