sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

ÉRAMOS FELIZES E NÃO SABÍAMOS

ÉRAMOS FELIZES E NÃO SABÍAMOS




A verdadeira posição da mulher na sociedade mudou, radicalmente, dos tempos idos aos dias de hoje. Tudo começou com a exploração da sua imagem em anúncios, como se ela fosse um objeto qualquer. Em contrapartida, ela própria contribuiu, e muito, para a sua desvalorização, independente das suas condições sociais.
Esse jargão de “mulher falada e de rua”, se comparado aos novos valores atribuídos à mulher, não passa de frase feita e em desuso.
A mulher se mostrou demais, deu-se demais, e por que não falar vulgarmente, ”vendeu-se muito barato”. Há até quem fale, opondo-se a esta condição:” Morro na peça, mas não me vendo à retalho”. Ela perdeu muito dessa prerrogativa só a ela concedida, e até o seu lugar que é inerente à sua feminilidade, para o homossexual masculino, em certos aspectos: enquanto a mulher se masculinizava, o homem, cada vez se feminilizava.
Ela começou trocando o salto alto por um tênis, as saias de sedas finas pelos “jeans” e se desnudando, cada vez mais e, consequentemente, acabou esquecendo a grande arma que era a sua capacidade de sedução, isto sem contar que, quem dita a moda de hoje são estilistas franceses ou ingleses que, na maioria, são homossexuais, que, lá no íntimo, desejam a mulher sem atrativos, a fim de diminuir a competição, isso foi fazendo com que o homem na sua essência, gosta de descobrir o que está mais escondido, ou seja, o mais difícil, de tanto se deparar com mulheres desnudas, naturalmente foi perdendo o interesse, e consequentemente, mudando suas preferências sexuais para dar asas às suas fantasias. Daí o porquê de tantos homens “héteros” se envolvendo com homossexuais.
O homem, por sua natureza, era um caçador e, agora, passou definitivamente à condição de caça. Nesse caso, faço minhas as palavras de Oscar Wilde: “Os homens foram feitos para correrem atrás das mulheres”. À medida que se invertiam os papéis, o homem foi adquirindo mais valor sobre si, a ponto de muitos não se preocuparem tanto com a sua própria imagem física e com a sua condição de conquistador. Enquanto as mulheres perdem horas se maquiando em frente ao espelho, nas academias,cultuando o seu corpo, o homem em sua maioria está cada vez menos preocupado com a sua aparência física, muitos não se importam se estão obesos, desleixados com a sua própria higiene,se novos ou velhos,porque a procura pela sua espécie é maior do que a oferta e, quando ainda ficam idosos,trocam suas mulheres por jovens com o terço da sua idade.Com isso as mulheres vão ficando cada vez mais sozinhas e em desvantagens.
Se entrarmos à noite em restaurantes ou bares, nos deparamos com cenas das mais grotescas e deprimentes: vemos ao nosso redor, mesas abarrotadas de mulheres, tanto de jovens quanto de meia idade, à caça e , quando vemos casais, a maioria é de homens da faixa etária acima dos cinqüenta anos acompanhados de adolescentes. Os maridos de hoje, já não respeitam mais as suas esposas, a mãe de seus filhos; este é o resultado da degenerescência das famílias.
Com este quadro atual, da condição da mulher na sociedade, poderemos concluir que, sua emancipação lhe trouxe desvantagens e mais cobranças e por que não dizer, prejuízos irreversíveis à sua condição. Mais cobranças impostas às mulheres, ao ter necessidades de conciliar trabalho fora de casa, com serviços domésticos, educação dos filhos e a sua própria obrigação de esposa, e ainda, contribuir com a renda familiar. Tudo constituiu prejuízo, porque, na sua fragilidade natural, se expõem muito mais, daí o índice bem maior, agora, de mulheres com problemas cardíacos, estresses, dentre outros, antes “privilégios” que eram, quase exclusivamente, dos homens.
Éramos felizes e não sabíamos...


Crônica de Zinah Alexandrino
In: Revista Jangada-Fortaleza,março de 2003

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

APRECIAÇÃO DO LIVRO “ CANTARES DE OUTONO OU NAVIOS REGRESSANDO ÀS ILHAS “ –( Fortaleza: Imprensa Universitária, 2004)- DO PRÍNCIPE DOS POETAS CEARENSES ARTUR EDUARDO BENEVIDES.

Por Zinah Alexandrino


De Pacatuba pra além-mar nasceu um príncipe que diz: “ Ai, deixa-me, pois, ser apenas um poeta! O que fui até hoje de alma repleta.” Artur nasceu com os signos do verbo encarnado do lirismo e das metáforas que em “ Cantares...” ele canta o amor, a dor, o presente, o passado. Canta os amigos, canta a amada. Versando em métricas ou versos livres, canta os jardins da Babilônia, que se refletem no espelho de Narciso, a figura de Orfeu. E, derramando o Canto, vão seus versos até o povo hebreu. E com seus pássaros invisíveis pousa no “Morro Dos Ventos Uivantes de Emily Brontë”.
Seus versos andarilhos, chegam até Paris, por Jean- Pierre Rausseou. Afirma: “ a poesia é a única forma de sabedoria” e essa sabedoria ele manifesta dentre os fenômenos estilísticos que lhes são próprios, quando nos apresenta os traços de sua obra, predominando no ramo da lírica, nos revelando seu próprio estado de alma. Ainda versa dos traços particulares de outros gêneros,todavia sem confundir o Eu lírico com o Eu autobiográfico Destarte, Benevides revela a afetividade e a emotividade do clima lírico, sempre ligado ao íntimo e ao sentimento, marca registrada no destino dos poetas de escol, eleitos, “ Senhores do ofício do Verso”. Enfim parafraseando Borges quando escreveu: “ todo bom poema há uma pegada de Homero”, por que não uma pitada de Artur Eduardo Benevides, nosso Príncipe?