sábado, 28 de fevereiro de 2009

SAZÃO
Querido,estou te entregando
O meu coração intemerato.
Cuidado! Ele é vunerável
Às intempéries do amor.
Por isso,não suporta
O frio do desprezo.
E pode sucumbir
A um simples olhar de traição.
Ele está suscetível
À estação outonal.
Tu o semearás
Com o teu amor sazonado
Para a nossa colheita final.












sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009


AMOR EFÊMERO

Bebi do teu mel,
Embevecida fui à vinha,
Não te encontrei.
Trouxe o meu fardo
Mas não te entreguei!

Ainda saciada,
Embriaguei-me e adormeci...
Acordei com a boca amarga de fel.

Tua vinha era ingrata.
O que me deste?
Um amor efêmero,
E... não me disseste.

MENINA DOS OLHOS


Teus olhos relumbram
Quando me olham.
Com a calma que espero
São lumes no meu caminho
Estes olhos que venero.

Meus olhos te suplicam
Que me fitem somente.
Acariciem-me devagar e docemente
Com teu manto transparente.

Os nossos olhos se encandeiam
Em olhares refulgentes.
Como cisnes que vagueiam
Num ritmo fremente.

Teus olhos têm menina
Que dança, que traquina
Cada vez que me olham
Eu quero esta menina
Para a menina dos meus olhos.

Efígie



Meu pai disse adeus...
Livrou-se do cansaço dos anos
E da sua consciência abstrata.
Semeou o bem, não plantou desenganos.
Mas sua imagem ficou:
Na memória da estante da sala,
Onde está seu tesouro:
Os livros que tanto citou;
Hoje seu maior legado,
Que uma traça banqueteou.
Ficou na memória da quina da mesa,
Na cadeira do canto da varanda,
Nos retos caminhos que trilhou
E nas horas da minha saudade.
Meu pai disse adeus...

E eu, aceno chorando.

Zinah Alexandrino,in Sutilezas,2006

TRIBAL

Nesta luta moral
Com linguagem cifrada
Defendo meu pão salutar
Não deixo que me tirem
O lugar que galguei
Nas muralhas do tempo
Para do mal me livrar.

Quando fugi do meu ócio
Nas minhas andanças de nômade
Garimpei entre os cascalhos do mundo
As raízes do bem imutável
Caminho agora ao encontro
Dos filhos de Israel
Cansei-me das confusões de Babel.

Aportarei no último milênio
Em uma das doze portas das tribos
Descerei com a Santa Cidade
Cantando o Hino da vitória
Comerei do fruto da árvore da vida
Dormirei no repouso do mestre
E habitarei eternamente nos céus.