quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Bicho Homem
(o maior predador)



Um dia desses por volta das dez da noite, estava em meu quarto no meu velho ritual para um descanso de mais um dia (mais ou menos) de minha vida mais ou menos boa, quando de repente ouvi um baque surdo vindo lá de fora. Saí apressada para ver o sucedido e deparei-me com um galho caído da velha e frondosa Oliveira (árvore que dá nome aos meus ancestrais), que agonizava meio capenga próximo a janela do meu quarto.
Voltei triste com o acontecido em solidariedade a árvore e então dei continuidade ao meu costumeiro ritual.
Dois dias após o sucedido vinha eu chegando em casa e fui surpreendida por dois homens amarrados pela cintura e presos a árvore, cortando o velho e saudoso galho que não resistira às forças da natureza.
Pensei que os homens iriam parar por aí, mas tal foi minha surpresa...no dia seguinte ao tirar o carro da garagem, lá estavam os homens novamente pendurados, desta feita, decididos em devastar definitivamente a pobre árvore. Fiquei indignada, pensei logo nos meus amigos Soinhos, os hóspedes nativos da Oliveira que todas as manhãs e as tardes me chamavam com assobios e beijinhos sempre que eu abria as janelas.
Então lembrei que há dias não os via por ali e pensei: O que não faz a mão devastadora do homem contra a natureza! Quantos anos aqueles bichinhos não fizeram daquela Oliveira o seu porto seguro contra seus predadores naturais de todas as suas vidas? E, agora perambulam, ora por cima do meu telhado, ora em algumas árvores não frutíferas de pequeno porte, sem saber a explicação do que fora feito da Oliveira, vitimada pela mão do maior predador da natureza: O Bicho Homem...

Zinah Alexandrino

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