terça-feira, 13 de janeiro de 2009

ZINAH ALEXANDRINO
PVC

Ninguém escapa desse inimigo antagônico do ciclo da vida que permeia nossas horas (o tempo).
Mal você acaba de nascer, começa a envelhecer. Não estaciona, a não ser com a morte e quando se morre jovem, o que não é vantagem para ninguém; nem para os que se vão e nem para os que ficam.
Crescei e multiplicai-vos! Essa foi a ordem que nos foi passada pelo Doador de nossas vidas. Mas o homem, esse curioso nato, não se deu por satisfeito, teve que vasculhar os registros do céu para ver se havia mais alguma coisa para herdar e mal sabia ele que à sua sombra rondava um inimigo voraz querendo apoderar-se da sua imortalidade (sua maior herança).
Como aconteceu isso? Todo mundo sabe: Lúcifer, o anjo caído personificou-se em serpente e ofereceu o fruto do conhecimento do bem e do mal para Eva que, por sua vez, ofereceu–o a Adão. Eles comeram, descobriram que estavam nus e foram expulsos do paraíso.
A partir daí, o homem começou a ficar escravo do tempo, perdeu sua imortalidade e partiu para a incessante busca pelo elixir da fonte da juventude. A medicina e a cosmética caminham de mãos dadas nessa busca. A cada dia inventam um novo paliativo: é o Botox, o Metacril, o DEMAE etc. É uma corrida maluca contra o tempo, a começar pelas academias de ginásticas. O homem tenta de tudo que há ao seu alcance para driblar seu maior inimigo, sem contar com uma gama de vitaminas que a indústria farmacêutica despeja no mercado.
A disputa pelo novo é a grande coqueluche, e a maior preocupação do gênero masculino é com o desempenho sexual. E haja Viagra, Cialis, Livitra e suas conseqüências, mas eles não se preocupam com efeitos colaterais porque a grande tônica é retardar a velhice em todas as suas formas. Começa pelo guarda-roupa. Há pessoas inconformadas que vivem “em busca do tempo perdido”, e chegam a se expor ao cúmulo do ridículo. Vemos senhores que se vestem a maneira de um garoto de dezoito anos e mulheres sessentonas que apelam mais ainda, expondo a barriga à moda das adolescentes.
Parecer velho, somente em fila de banco, e muitos para não chamarem a atenção para sua verdadeira idade dispensam essa prerrogativa se postando na fila comum a todos. Sabemos de pessoas idosas que têm vergonha de dizer que têm calos, azia e dores na coluna. Tudo isso porque se prega por aí que esses sintomas são queixas de velhos. Outros não querem admitir que estão cansados quando lhes oferecem uma cadeira ou ajuda para subirem a um degrau qualquer. Dispensam dando uma de forte.
Parafraseando o apóstolo Paulo, em um verso de uma de suas epístolas, quando se referiu às tentações da carne: “O espírito está pronto, mas a carne é fraca...”. Para aqueles que não querem assumir suas limitações; porém, eu digo: o espírito está pronto mas o corpo é que não resiste.
Um dia desses, me queixava para um sobrinho do preço de um remédio que o médico me receitara para as dores lombares, ele o segurou e perguntou: ---- isto é PVC? Surpresa, com a estranha pergunta, imaginei: PVC é uma marca de cano! Não cabia ao assunto que falávamos. Ele rindo ironicamente respondeu-me: --- é a Praga da Velhice Chegando, tia!!!

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